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“Conheça a importância do trabalho
destas mulheres que ajudam a transformar a experiência do parto em um momento
ainda mais especial e tranquilo.
“Ela
olhava nos meus olhos e dizia que eu iria conseguir. Não consigo imaginar meu
trabalho de parto sem aquelas massagens que minha doula fazia. Eu sabia que
estava em boas mãos e pude realizar um sonho: parir meu filho”, suspira Erika
Patrícia Costa Farias, mãe de Pedro de 4 anos e Luis de 6 meses. O primeiro,
nascido por meio de uma cesárea. O segundo nasceu em um parto natural
restaurador, sem analgesia, na banheira do Hospital São Luiz Itaim, em São
Paulo.Assim como Erika, muitas mulheres sonham em conseguir um parto normal,
mas a maioria teme sentir dores insuportáveis e passar por este momento sem o
apoio necessário. Esta é a principal função das doulas: dar suporte físico e
emocional à gestante em trabalho de parto. Doula não é parteira, não é
enfermeira, nem substitui a presença do pai. Doula não faz qualquer tipo de
procedimento invasivo como exame de toque ou administração de
medicamentos.
No trabalho de parto, a profissional ajuda
a mulher a encontrar as posições mais favoráveis durante as contrações, faz
massagens e compressas para aliviar a dor, ajuda o parceiro a se envolver e
participar ativamente do parto e informa o casal sobre todos os procedimentos
que estão sendo realizados.“Ter a doula ao nosso lado foi fundamental. Ela me
ajudou a ficar firme e não me desesperar vendo a Mariana sentir as contrações”,
afirma Gabriel Guimarães, que viveu o trabalho de parto intensamente com sua
esposa.
O
serviço desta assessora começa antes do dia do nascimento do bebê, com
encontros para conhecer a gestante e informá-la sobre as etapas do trabalho de
parto, preparação do
períneo e elaboração do plano de parto. E também continua
após a chegada do novo membro da família, tirando dúvidas sobre o início da
amamentação e conversando sobre a experiência do parto.
Maíra
Duarte, doula há mais de três anos, diz que o mais importante para ela é levar
informação de qualidade para que o casal consiga vivenciar o momento de dar à
luz sem medo. “Maíra me sugeriu posições, fez massagem, olhou nos meus olhos e
encorajou meu marido... Meu trabalho de parto durou cerca de 22 horas e esse
apoio foi importantíssimo”, conta Camila Souza Torelli, que escolheu Maíra para
ser sua acompanhante no parto de seu filho, Antônio.
Após
tentar o parto natural, Silvia Kawata precisou aceitar a necessidade de passar
por uma cesárea e conta que não abriu mão do apoio da doula durante a cirurgia.
“Nossa doula me deu conforto físico e psicológico tanto durante o trabalho de
parto, quanto durante e após a cirurgia. Ficou comigo até a hora em que fui
levada para a sala de pós-operatório e me disse palavras de carinho”, explica Silvia,
que pôde contar com a presença da doula no centro cirúrgico por se tratar de
uma cesárea necessária. As doulas costumam apoiar o parto natural e,
dificilmente, concordam em acompanhar a gestante durante uma cesárea eletiva.
Leia também: Entenda o Parto Humanizado
Doulas X Maternidades
A
entrada das doulas não é permitida em todas as maternidades do Brasil. Por
isso, antes de escolher o hospital que dará à luz, informe-se se a instituição
permite a entrada desta profissional.
A
Associação de Doulas de São Paulo acredita que este tipo de proibição aconteça
por causa da falta de conhecimento sobre o trabalho dessas profissionais. “Por
isso, uma das principais propostas da ADOSP é a conscientização voltada para
diferentes públicos sobre quem é a doula, o que ela faz e não faz, assim como
apresentar os benefícios desta acompanhante de parto profissional”, explica
Daniela de Almeida Andretto, doula e membro da Comissão Científica da ADOSP.
O
trabalho da doula é reconhecido?
A
atuação da doula durante o parto é reconhecida e estimulada pelo Ministério da
Saúde e pela Organização Mundial da Saúde. Estudos mostram que a presença delas
ajuda a diminuir em 50% os índices de cesáreas, 25% a duração do trabalho de
parto, 60% os pedidos de analgesia peridural, 30% o uso de analgesia peridural,
40% o uso de ocitocina e 40% o uso de fórceps. O apoio profissional recebido
durante o trabalho de parto e pós-parto aumenta as sensações de bem-estar da
mãe e que esta ajuda combate a depressão pós-parto.
Além
de todo o suporte físico e psicológico, elas informam e orientam as mães a
respeito dos procedimentos considerados desnecessários de acordo com as atuais
evidências científicas e orientações da OMS. “Apesar de todas as evidências a
favor da livre deambulação durante as fases de dilatação e expulsão, as
mulheres ainda são levadas a parir em posição ginecológica, com as pernas
amarradas aos estribos”, exemplifica a obstetra Carla Polido, professora
assistente do Departamento de Medicina da Universidade Federal de São Carlos.
Em
muitos países, como Canadá e Estados Unidos, o acompanhamento das doulas é
incentivado pelos médicos. A neurocientista brasileira Andreia Mortensen vive
em Oregon, Estados Unidos, e afirma que até os cursos para gestantes dos
hospitais costumam ser ministrados por estas profissionais.
Por
aqui, as doulas já foram incluídas na Classificação Brasileira de Ocupação e
conquistam seus certificados em cursos de até 200 horas que ensinam, além da
teoria sobre o parto e as práticas para a profissão, todos os cuidados a
respeito da proteção individual e das gestantes em um ambiente hospitalar. As
aulas costumam ser ministradas por doulas experientes e obstetrizes em núcleos
de apoio ao parto natural. Os mais conhecidos são o Grupo de Apoio à Maternidade Ativa, a Associação
Nacional de Doulas e a Casa Moara. Para fazer o curso não é
necessário ter formação na área da saúde.
Como
encontrar uma doula?
Você
consegue encontrar uma doula no site Doulas do Brasil, pesquisando em listas
de discussão de gestantes na internet e blogs que algumas profissionais mantêm.
Ela pode ser contratada em qualquer período da gestação.
A
escolha da doula é fundamental, pois precisa haver empatia entre ela e a
gestante para que exista confiança e cumplicidade no momento do parto. Cada
doula tem um jeito de trabalhar e você deve escolher a que melhor se adequa as
suas necessidades. Mas é importante lembrar que apenas ter uma doula não é
garantia para se conseguir um parto natural. Em um país onde quase 90% dos
partos em hospitais particulares são cesáreas (quando a recomendação da OMS é
que haja no máximo 15%), é necessário ter ao seu lado um obstetra que realmente
aceite acompanhar partos naturais e com a presença de uma doula. “Se a gestante
tem interesse em receber o apoio contínuo da doula durante do trabalho de
parto, ela pode compartilhar esse desejo com seu médico e tentar promover um
encontro entre ambos”, orienta Daniela que acredita que este pode ser o início
de uma parceria de respeito entre os profissionais de assistência ao parto."
Alessandra Rebecchi Feitosa
Fonte: bebe.com.br
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