Um dos maiores medos associados ao
parto é o medo da dor. Os avanços da medicina permitiram o
aparecimento de drogas cada vez mais sofisticadas que se não curam, pelo menos
tiram a dor. A anestesia nos tira a dor e muitas das sensações físicas ligadas
ao trabalho de parto. Dor de dente, dor de cabeça, dor de barriga, dor nas
costas… Por que conviver com a dor? Qual o significado da dor?
Na maioria das vezes, a dor é
um sinal do corpo de que algo não está indo bem. Uma dor de estômago pode
significar que comemos um alimento deteriorado. Uma dor de dente pode
significar um nervo inflamado. Se não sentirmos a dor, se anestesiássemos todo
o corpo, jamais sentiríamos dor. Mesmo com fraturas, úlceras ou cistites, o que
seria muito perigoso! Não podemos, então, simplesmente poupar-nos da dor.
Outras vezes a dor é um aviso
de que um músculo foi sobrecarregado, como quando carregamos um peso por muito
tempo, ao fazermos exercício físico numa dose maior que a habitual. Essa dor freqüentemente
nos dá prazer. Saber que os músculos doem de uma boa sessão de natação dá uma
sensação de poder e vigor. E é comum que pensemos: "Ah! Amanhã já
passou!". E lá vamos nós para mais uma aula de natação.
Às vezes sentimos a dor da
perda, a dor do luto, a dor na alma. Essas dores acontecem porque somos gente,
pensamos, sentimos, amamos e sofremos com as perdas. Sem amor não sentiríamos a
dor da separação. No final percebemos que valeu a pena ter amado, com ou sem
dor. Enriquecemos e crescemos com esses sentimentos. Se tomamos antidepressivos
para nos livrar do luto, percebemos que nosso mal estar com o tempo vai piorar
e que não há como escapar dessa dor, cedo ou tarde teremos que lidar com ela.
Remédios aqui decididamente não funcionam…
A DOR DO PARTO
A dor do parto é diferente dos outros tipos de dor, por várias razões. Primeiro porque é uma dor intermitente. Vem com a contração, começando fraquinha e aumentando, até atingir o pico, quando começa a diminuir e desaparece completamente. No intervalo entre as contrações não há dor, pressão, incômodo algum. É como se nada tivesse acontecido há 4 minutos. Nesses intervalos dá tempo de relaxar, meditar, respirar profundamente e muitas vezes dormir.
A dor do parto é diferente dos outros tipos de dor, por várias razões. Primeiro porque é uma dor intermitente. Vem com a contração, começando fraquinha e aumentando, até atingir o pico, quando começa a diminuir e desaparece completamente. No intervalo entre as contrações não há dor, pressão, incômodo algum. É como se nada tivesse acontecido há 4 minutos. Nesses intervalos dá tempo de relaxar, meditar, respirar profundamente e muitas vezes dormir.
Outro fato é que a intensidade
da dor do parto varia de mulher para mulher e de gestação para gestação de
acordo com diversos fatores: limiar individual, grau de relaxamento, intimidade
como o ambiente, apoio de familiares e profissionais, preparação e outros
tantos… É uma dor diretamente influenciada por fatores psicológicos, funcionais
e emocionais. Quando estamos com medo, ficamos tensas, e a nossa tensão faz a
dor aumentar. É um ciclo bem conhecido, o ciclo do medo-tensão-dor. Vale para
qualquer tipo de dor.
Um terceiro fator que às vezes
soa estranho é que a dor do parto é "esquecida". É freqüente ouvirmos
as mulheres dizerem que tão logo o bebê está nos braços, a dor já foi
completamente esquecida. É diferença daquelas cólicas menstruais que lembramos,
algumas realmente inesquecíveis. Ou aquela dor de dente que destruiu nosso
fim-de-semana. Se nos esforçarmos um pouco, dá pra sentir a danada de novo!
O certo é que uma boa
experiência de parto significa, entre outras coisas, lidar com a dor normal
inerente ao processo de abertura do colo do útero e aliviar ou eliminar as
dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios,
manobras médicas discutíveis ou presença de pessoas indesejadas.
E embora essa dor seja tão
peculiar, lidar com ela não é muito diferente do que lidar com outras dores. Os
recursos que podemos usar são universais: água morna, respiração, distração,
encorajamento, carinho, apoio, balanço ritmado, massagem, relaxamento,
meditação, oração, visualização, pressão, alongamento, respiração, vocalização,
movimentação do corpo, ouvir música, cantar, gritar, gemer, chorar.
É claro que nem todos os
recursos funcionam da mesma forma para toda mulher. Somos indivíduos
diferentes. Nossos desejos, nossos desafios, o que nos move, tudo é individual.
É bom lembrar que por isso mesmo qualquer procedimento médico ligado ao parto,
não só aqueles ligados à dor, devem ser adotados individualmente e nunca
rotineiramente. Rotina é para máquinas, não para gente e menos ainda para
parturientes.
Quando nos sentimos
confortáveis e seguras, aumentamos nossa capacidade de relaxar e assim nos
concentrar no trabalho de parto. O trabalho de parto é feito de esforço,
concentração, dedicação. Existem elementos ambientais, recursos humanos e
técnicos que podem ser de grande ajuda nessa tarefa intensa de dar à luz um
bebê.
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